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domingo, 29 de julho de 2012

Simultanea com o GM EVERALDO MATSUURA - 28/7/2012 - SESC SÃO CAETANO








SIMULTANEA COM O GRANDE MESTRE EVERALDO MATSUURA - 28/7/2012 - SESC SÃO CAETANO - SP

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O GRANDE MEQUINHO

O jovem Henrique Mecking na década de 60, sendo coroado campeão brasileiro absolutoPara aqueles com mais de 40 anos não é difícil se lembrar do maior enxadrista que o nosso país já produziu. 

Aprendeu a jogar xadrez aos 5 anos de idade e depois teve como professor o ilustre delegado de polícia em São Lourenço do Sul, João Menna Barreto. 

Com apenas 12 anos de idade, Henrique Mecking já havia ganho o campeonato gaúcho absoluto, com 13 anos o brasileiro absoluto, com 15 o sul-americano absoluto e obtido o título de mestre internacional (MI). 

Por ser tão jovem ficou carinhosamente conhecido pelo povo brasileiro como "Mequinho", devido ao seu sobrenome. 

Na década de 70 havia 3 desportistas famosos no Brasil: Pelé, Emmerson Fittipaldi e Mequinho, como cita Luis Nassif em sua coluna na Folha de São Paulo. 

Mequinho foi o primeiro grande mestre brasileiro (acima de GM paira apenas o campeão mundial). 

Quando ele voltou do exterior após receber este título em 1972, foi calorosamente recebido no aeroporto do Rio de Janeiro pela bateria da escola de samba da Mangueira e, logo em seguida, pelo então presidente da república, Emílio Garrastazu Médice, no Palácio do Planalto, o qual lhe deu um cargo de assessor no MEC. 

Talvez um dos maiores feitos do nosso querido enxadrista seja uma partida em que ele jogou contra o mais famoso e também o mais forte enxadrista de todos os tempos, o americano Bobby Fischer, Mequinho era apenas mestre internacional quando empatou com o grande Fischer em Buenos Aires em 1970! 

Mequinho, considerado um dos maiores gênios precoces da história do xadrez, figurando ao lado do cubano Capablanca e do americano Bobby Fischer, teve uma excelente atuação vencendo invicto o interzonal de 1973 (campeonato classificatório para o Torneio dos Candidatos). Neste torneio, realizado em Petrópolis no Rio de Janeiro, Mequinho derrotou vários jogadores do mais alto nível como o ex-campeão do mundo Smyslov. 

Em 1976 ganha novamente o Interzonal em Manila, nas Filipinas, classificando-se mais uma vez para o Torneio dos Candidatos (última eliminatória para ser o desafiante do campeão mundial). 

Como vencedor dos interzonais, Mequinho joga os matches (para revelar o novo desafiante do campeão do mundo) contra Viktor Korchnoi em 1974 e, contra Lev Polugayevsk em 1977 (o maior teórico-enxadrista da época). 

Em 1978 Mequinho atinge o rating (pontuação) de 2635 da Federação Internacional de Xadrez - Fide - sendo, portanto, o terceiro melhor enxadrista do planeta, atrás apenas de Viktor Korchnoi (o vice-campeão mundial) e de Anatoly Karpov, o campeão mundial! 

Em 1979 Mequinho foi acometido por uma grave e rara doença chamada miastemia gravis (doença que ataca os nervos, a mesma que matou o armador grego Onassis). Desacreditado pelos médicos do hospital de Houston, Texas (EUA), que lhe disseram que podia morrer a qualquer momento em 1979, Mequinho entra para a Renovação Carismática Católica e hoje se encontra curado, como ele atribui, por um "milagre de Deus". 

Sobre ele foram escritos dois livros: Mequinho, o perfil de um gênio (1983), de Rubens Alberto Filguth e, Henrique Mecking: Latin Chess Genius" 1995 de Stephen W. Gordon. 

Após 20 anos praticamente fora do cenário enxadrístico, Mequinho volta no ano de 2000 disputando um match com o seu mais forte adversário no país, o grande mestre e tricacampeão brasileiro Giovanni Vescovi. 

No ano de 2001 participa do Magistral Najdorf em Buenos Aires, onde enfrenta alguns dos enxadristas da elite do xadrez mundial, empatando com Judit Polgar (a melhor enxadrista da história), com a atual campeã do mundo e com o seu antigo rival, o suíço, Viktor Korchnoi. 

No ano de 2002 Mequinho foi mais surpreendente ainda, representou o Brasil na olimpíada mundial de xadrez que aconteceu na cidade de Bled na Eslovênia, onde jogou 8 partidas, ganhando 5 e empatando 3 (81,5% de aproveitamento, o melhor latino americano do evento!), deixando o nosso país pela primeira vez na frente dos Estados Unidos e de Cuba numa olimpíada enxadrística. 

O nosso grande mestre também é um membro do ICC, Internet Chess Club, o maior clube de xadrez do mundo na internet, que conta com 25.000 jogadores ativos, sendo 200 deles grandes mestres. Neste clube, Mecking já esteve por dez vezes em primeiro lugar no ranking, o que é considerado uma performance extraordinária. No ICC, Mequinho joga com a conta "Lorenzo", em homenagem a São Lourenço e, atribui seu fantástico desempenho a ele, Nossa Senhora e Jesus. 

Também em 2002 Mequinho realizou sete simultâneas, sendo uma na Áustria (onde foi recebido pelo embaixador brasileiro neste país, obtendo um escore maior do que o ex-campeão mundial Anatoly Karpov) e as outras 6 no Brasil, sendo todas realizadas em shopping centers com grande público que foi prestigiar o maior enxadrista brasileiro de todos os tempos! 

O último grande evento que Mequinho participou foi o Paulista Interclubes, torneio que contou com a elite brasileira do xadrez. Mecking jogou 7 partidas, ganhou 6, uma delas contra Giovanni Vescovi, outra contra o mestre Martin Crosa (atual campeão uruguaio) e empatou apenas uma. 

Estes eventos nos últimos dois anos têm mostrado que o nosso antigo campeão já está recuperado da doença que tantas coisas lhe privou no passado e que tem forças para voltar ao lugar que deixou em 1978: entre os três melhores do mundo! 

Sobre o autor: o texto-biografia sobre Henrique Costa Mecking é de autoria de Sandro Tavares, sobrinho de Mecking e que foi campeão gaúcho sub18 em 1995.