(1) Anand ,W. (2817) - Carlsen,M. (2823) [C67]
Grand Slam 2011 - São Paulo (1), 26.09.2011
[Loureiro, Luiz]
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 Nf6 A antes malfadada Variante Berlinesa, foi elevada ao supremo estrelato e prestígio teórico quando Kramnik a usou para literalmente anular o lance 1- e4 de Kasparov, durante o match entre ambos pelo Mundial, em Londres - 2000.
4.0-0 É estranho testemunhar como a maioria dos "top players" raramente desvia do caminho principal, atendendo a toda a expectativa dos que conduzem as pretas nesse sistema. Contudo, há alternativas desde [4.d3 ou; 4.Qe2 ou mesmo, ainda que não sejam tão empreendedores; 4.Nc3 e; 4.Bxc6 dxc6 5.d3 ]
4...Nxe4 5.d4 Nd6 6.Bxc6 dxc6 [6...bxc6 7.dxe5 Nb7 , a chamada Variante Rio de Janeiro não é vista em alto nível de disputa desde uma derrota de Korchnoy ante Karpov na década de 1970! Mas, pensando bem, um cavalo errante é aceitável, mas precisava "se esconder" em b7 e com uma estrutura dessas?]
7.dxe5 Nf5 Continua errante, mas agora está no centro e os dois grupos de peões estão juntos: ninguém fica sozinho!
8.Qxd8+ Kxd8 9.Nc3 h6 10.h3 Ne7!? O mérito notável de Kramnik ao adotar essa defesa foi ter percebido um aspecto fantástico e improvável da posição: o preto não deve se mostrar ansioso ou pressionado para completar seu desenvolvimento e, ao mesmo tempo, esconder o seu rei neste meio jogo sem damas. Ele fará uma coisa de cada vez (!) e, enquanto isso, ainda por cima, manobrará suas peças nas quatro linhas horizontais internas, sem falsas neuroses ou preocupações sobre aspectos e métodos clássicos de estratégia. Tanto é assim, que aqui é recuada a única peça do preto fora da casa inicial, além do monarca! E porque? Para antecipar um eventual g4 e remanejar o equino para g6, dando acesso ao Bc8 para eventualmente acessar f5!
11.Be3 Diagram A similaridade com a Variante das Trocas na mesma Ruy Lopes é flagrante, mas com duas desvantagens para o branco: ele tem menos flexibiliidade e controle de casas brancas por seu peão de rei se encontrar em e5, e não mais em e4, e mobilização de sua maioria na ala do rei é problemática, tornando seu trunfo estratégico mais permanente um fator um tanto ilusório! Os jogadores das brancas, já há mais de uma década têm sido desafiados a reenquadrar a Berlinesa no grupo de "defesas difícieis", mas seus defensores têm conseguido com ela cada vez mais conforto! A Berlinesa vive! Aqui, Anand não produzirá nada de especial: ele se contenta em sair com o bispo. Outros caminhos mais animados e ambiciosos surgem em [11.b3 Bf5 12.Rd1+ Kc813.Rd2 b6 14.Bb2 Kb7 15.Ne2!? a5!?<=> como em Leitão x G. Zuniga - Mem. Capablanca - Havana 2003.]
11...Ke8!? O rei "iôiô": vai e volta!
12.Rad1 Bd7 13.a3 E a platéia, fazendo côro, poderia perguntar: e para que serve esse lance? A resposta óbvia é o intuito de deter um ocasional Bb4 do rival, mas será que vale um tempo?
13...Rd8 14.Rfe1 [14.Rd2 Khairullin x Naiditsch - Moscou - Aeroflot 2007 e o preto ganhou!]
14...a6 15.Ne4 Bf5 16.Nc5N Hou, a atual campeã mundial jogou diretamente[16.Rxd8+ Kxd8 17.Bd2 Kc8 18.Nd4 Bh7 19.e6 com inciativa e também maior risco e também perdeu ante o mesmo Naiditsch em Villarrobledo 2009, mas num torneio de rápidas. A novidade de Anand não aumenta a pressão e o preto sequer sofre para igualar por completo!]
16...Rxd1 17.Rxd1 Bc8= 18.Nd3 Ng6 19.Nf4 Para "secar o jogo"! Algo como[19.Nd4 c5 20.Nf3 b6 é inócuo e arriscado, pois o Bc8 é uma fera que espera o momento de despertar por completo e já exerce séria influência no jogo! Anand se conforma com uma estréia sem brilho e simplifica ao máximo. Carlsen atua de forma pragmática e praticamente concorda com a pronta nulidade!]
19...Nxf4 20.Bxf4 Be7 21.Nd4 Bc5 22.Be3 Bxd4 23.Rxd4 Ke7 24.f3 Rd825.Rxd8 Kxd8 26.g4 h5 27.Kf2 g6 28.Bg5+ Ke8 Tempos: Anand gastou cerca de 1h e 5 minutos e Carlsen quase 38 minutos. O relógio indica um claro reflexo da perplexidade do branco buscando um fórmula de enfrentar esse "osso duro de roer" em que se transformou a Berlinesa, a defesa pragmática e surpreendente do século 21
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